verdade que esqueci por muito tempo
enterrei num otimismo vago, inócuo
escondido num sorriso vazio sem qualquer perspectiva
essa lentidão serena, dopada, irrequieta
esse desespero calado, a sensação completa
de um elouqüecimento tácito permeado
na desordem caótica de um desalento fúnebre.
Isso sou eu, essa dor moribunda que condeno
Injusta! Esse sofrimento que não se explica que é
mera conseqüência de uma vida que não faz
nunca fez sentido.
Me torna real enquanto esfaqueia-me
Suga os indícios, cospe lembranças tortas
uma memória que não funciona, retorcida
palavras falciformes, versos não falados
esquecidas, lapidados, sepultadas
...
A realidade acaba, as gentilezas se tornam sorrisos
mas essa solidão permanece.
nada quero, só tenho sono.
sono profundo lento
não há descanso
sem justo e belo
esquecimento.