É engraçado ver como as pessoas reagem a "grandes
perdas da humanidade" se é que posso chamar assim, é sempre um sentimento
mutuo de dar um tapinha nas costas um do outro e dizer "perdemos"
alguém que por mais que se admire, tenha um contato, até uma idolatria, não se
conhece de fato. Grupos tendem a pactuar na "dor da perda" para
reforçarem seus laços e reafirmarem suas posições na sociedade. O pesar, que
deveria ser algo nobre, uma ode a memória do que agora é somente algo que apodrece,
se torna ainda troça, depois de morto o cadáver se torna escada para que outros subam e gritem a plenos pulmões sua identidade aos quatro cantos do mundo, e ouçam outros
gritarem de volta, acenando, se unindo, "compadecendo" em grupo,
reafirmando o compromisso com seu "estamento social"...
Eu não sei se é uma questão de amadurecimento, vejo gente de
todas as idades fazendo isso, quiçá eu seja uma pessoa insensível de fato, não
entenda a contribuição de certas personalidades para a história do mundo ou
mesmo para a história de cada um, mas algo que eu entendo é sobre perdas, e
devo dizer que me sinto ofendido quando vejo essas atitudes. Talvez esteja na
hora de enxergarmos um pouco melhor o que de fato as coisas são, refletir
melhor sobre o que significam certas atitudes e convenções, o que é construído
e o que não é, principalmente em relação a sentimentos, mas se você enxerga
isso e vive fora dessas construções, você é posto a margem da sociedade. Então
meus caros norte coreanos sigam chorando lastimavelmente a perda de seus
lideres e ídolos, profundamente deprimidos, pois eu imagino que de fato vocês
realmente sentem muito... Não suas perdas, mas sua solidão, fraqueza
e a necessidade de se ligar a algo "maior" ou um "deus
menor" para que possam sobreviver...
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