quarta-feira, 9 de novembro de 2011
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Ela.
Eu não tenho exatamente para onde ir se não para baixo, mais e mais profundamente para baixo num ciclo infinito, como um espiral. Talvez das profundezas eu possa sentir melhor seu hálito, compreender o sabor inestimável do toque de torpor de seus lábios, o qual a visão em um paradoxo sarcástico nos sopra a vida. Meus sentidos deturpados me mostram o caminho enquanto ouço os passos leves e compassados de seus pequenos pés alvos, meu coração palpita e posso escutar meus antepassados com os olhos cobertos sussurrarem num tom fúnebre “é ela”, pálida de sorriso suave e fino, os vítreos olhos alegres e a beleza incomparável. E nesse limite entre o abismo e a vida toco-lhe os dedos com medo e gozo, a dor imensurável contamina meu corpo por inteiro, mas tomado de uma calma mórbida, sinto que nada mais realmente importa, seguro em suas mãos doloridas com mais firmeza, rogo-lhe do fundo de minha alma, tento conquistá-la, mas tu, doce prostituta, és de todos e com todos há de deitar-se. Não poderia com meras palavras capturar a essência cruel efígie, mas nessa vislumbrar do horizonte enxergo-a por completo, da forma que jamais outro o faria, fosse somente minha e eu a amaria confessadamente, seria consumido pela sua necessidade de bom grado e ao vazio retornaria como seu humilde servo.
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Numa noite de insônia qualquer...
sábado, 16 de julho de 2011
Torto
Então se eu não me encaixo ao todo, eu sou o torto, minha essência é torta, patológica, e eu sinto o incomodo psicótico de ceder o meu lugar de direito a algum outro "torto qualquer". As pessoas na sua maioria tem dias tortos, talvez vislumbrem o que o torto significa, mas de certo não compreendem e também para elas não seria possível ou faria sentido. Um estigma que o torto carrega e por isso sente-se algo, algo que é torto, pois não fosse torto, seria nada, e se nada fosse então a muito já haveria se perdido dentro de si. Todos os dias de manhã, quando abro os olhos, lembro minha patologia, lembro dos meus comprimidos, lembro daquilo que me faz ser e como isso que me faz ser não é o que me compõe como inteiro. Ainda que seja todos, todos é o nada e o torto real nada fala, apenas emudece, se silencia em sua própria agonia solitária...
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Síndrome do Pânico
Seguidas dos latidos dos cachorros
Irrompem a noite e estupram meus ouvidos.
Eu, no aconchego do meu quarto,
Ouço sem querer ouvir.
Vêm até mim.
E eu retribuo.
O coração dispara,
A mente dispara,
A respiração dispara,
Mesmo sabendo que não há porquê
Silêncio.
E tudo para.
Tudo?
Eu não.
A flama no palheiro incendeia o meu medo,
Remoo por minutos o amargo tolo.
Eu sei que estou bem,
Sei que não é pra temer.
Apenas não o faço.
A segurança está ali, mas não a seguro.
Aqui, na verdade,
No meu quarto,
Comigo.
Não na minha cabeça.
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E não incluí a parte de ficar caçando sons que não existem no silêncio das madrugadas. O pior é quando existem.
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Não sei se é imanente à humanidade essa sede amarga de sentir-se miserável, mesmo abastado e saciado pelos melhores vinhos. Eu gostaria de fazer esse sentimento passar, esse grito cessar, mas a vida teima em fazer com que eu me sinta misero. E misero, eu caminho como um embriagado em um beiral de um arranha-céu infindo, e a cada passo sente-se cada vez mais amedrontado, cada vez mais sozinho. E de repente eu me apercebo como meus poemas adotam cada vez mais o traço de cartas de suicídio.
Escrevi linhas vazias, vazias como este poeta, vazias como o sentido da minha vida vazia, vazias como a minha mente esta agora, vazias como a minha alma sempre foi, dotada desse vácuo que me consumiu a cada dia. Alimentei-o com carinho, de generosidade, filantropia, compaixão e de sonhos, ilusões. Ah sim, a vida fora bela, mas por essa hora eu só consigo pensar em findar todos esses sentimentos, só consigo pensar que não existem mais saídas e eu não penso mais e não sinto mais e não digo mais nada... boa noite.
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Delirio
Os enamorados decaptam rosas para entregar as suas amadas suas cabeças decepadas, os enamorados entregam a suas amadas morte em si, vicissitudes humana, que desde sempre oferece a morte a quem ama e disso sequer se apercebe. A volupia clama a insanidade e está por sua vez reconcilia mortiçamente uma vida hedônica de rotinas. Do limbo enxergo o espirito lamurioso das rosas, compreendo sua dor e juntos nos rimos, pois a própria dor é real e portanto uma ilusão. O elixir filosofal há de me libertar da limitações da carne e me dar asas para alçar ao infinito.
Cortemos a nossa carne , sangremos nossos medos, para nos lembrarmos que essas dores e esses transes são os unicos momentos distantes da nossa fria condição humana. Corto-me cá, corto-me lá, arranco um olho e ainda sou o mesmo, mas agora enxergo além, enxergo o que realmente está vivo, que apodreceu com o tempo, se desfez de seus ossos e jaz apenas em memória. Com o instrumento argento perfuro o coração, provo o sabor do sangue, a vida esvair-se por entre meus labios por gotas, sinto o mundo e segundos depois, mais nada...
terça-feira, 10 de maio de 2011
Arquivo
Olhar pra trás é
aprender ou
cair sem querer
desfalecer
temer e se desobedecer.
Ler o passado é
ver o que já não se é
perder o impulso de querer tornar-se
e enrolar-se no ser que não é.
Ah...
De cair-se
é uma estrela que cai
decadência é uma dor que não sára
Ah...
Evolução é um futuro tão distante!
E o presente uma roda constante
que sobe, desce, sobe e...
Cai.
E a queda tira tanto dessa velocidade...
que as vezes me pergunto se não é melhor deletar o que está para trás.
- Pena que são fatos 24h, à caneta, com tinta permanente e aparição eterna.
Em suma, o belo
o estraordinário
o criativo e o inteligente que foi
é mais uma âncora no atolado barco
que caminha, caminha, caminha sobre a areia
e parece só se afastar do destino final.
Fui procurar o Boom da história e achei textos antigos que eu fazia. E trabalhos pra escola. Puta que pariu, eu já fui mais inteligente. É esse o resumo dessa droga que escrevi aí.
Não, não foi um bom dia. Abs.
terça-feira, 3 de maio de 2011
Dia Estupidamente Bonito
Chegou tarde,
Viu-a no almoço.
Estava bonita.
Almoçaram.
Curtiram uma digestão.
Ela disse não estar afim de beijar.
Tudo bem.
Ela vai embora mais cedo
Se arrepende
Volta
Beija
Interrompo.
Disse que quem era esquisito era eu
Com um beijo no rosto se despede dizendo:
Meu ônibus chegou.
Subiu sem olhar pra trás.
E foi embora.
Foi um dia estupidamente bonito.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
sobre-viver
O primeiro é fácil,
O segundo exige humanidade,
Contato,
Relação,
Esforço;
Sobre-humano.
Sobre-vive, Sobre-humano.
No primeiro,
Respira.
Come.
Tenta te manter são.
No segundo,
Te esforça pra respirar (direito),
Arranja comida (suficiente),
Lê um livro (decente).
No primeiro, faz.
No segundo, faz:
Direito,
Maior,
Melhor.
Um cão de família vive
Um mendigo de rua sobrevive
Um amante ora vive, ora sobrevive.
Eu?
Eu tento.
-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-
SEMANA DOS POEMAS DEPRESSIVOS.
Tipo "Cyanide and Happiness".
Daria pra ficar maior, até pensei em estender. Mas quem gosta de merd é a Sabesp.
Flores
cada amor é um olhar,
um entregar-se e um passar.
- jamais pesar!
Eu, passo, me viro
e mesmo assim -
vezes em que não viso ver
vejo que deveria ter sentido.
Sinto que se sente o insensível
sem sentir-se a extra sensibilidade
e vejo que o presente é a torção do passado
esmagação, trituração, cozimento, assado
e serviço à própria mesa
para a alimentação do desgoso desnecessário.
Amor é flor!
é torpor, é alegria
é abstração da passada sangria.
Viver é olhar à frente
observar o passado
carregá-lo, sem pesos e sem cordas que o amarrem aos nossos pés
amar é flor!
é desabrochar, perfumar,
quebrar-se e manter a beleza
cair ao solo e florescer novamente.
E a dor?
A dor a gente canta, dança
aprende!
passa por cima e avança.
-x-x-
e se ao teu jardim minhas flores forem insuficientes
planto ervas cheirosas,
gramas vistosas
que de tão bela paisagem
deixarás o passado terminar sua passagem.
sexta-feira, 29 de abril de 2011
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Clichê Pessoal Trilingue e Brega
Porque tudo que eu quero me parece nada,
E nada quero saber desse monte de tudo.
Pero no sé mas o que exatamente gostar sería.
Se escolhas concisas fizesse por un dia.
Discorro, corro, fujo
Não morro!
Torço para que se abram as possibilidades de fechamento do meu horizonte.
Que já transcedeu há kilodécadas os 360 grados.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
sábado, 12 de março de 2011
Jovem Adulto
Ser jovem adulto não é fácil. Lembrando que essa faixa se estende desde os 18 anos de idade até os 25.
Eu diria mais, diria que é mais difícil que a adolescência, que por si só já é um período super conturbado na vidade de qualquer um. Ou que muitas vezes é conturbado.
Mas voltando às idades, eu não sei se concordo com aquela definição de cima. A vida - e também problemas - do jovem adulto, na minha opinião, começam logo quando ele termina o ensino médio. Mentira, começa antes, mas a obrigatoriedade de dar uma resposta à vida é no final do ensino médio.
Eu explico: o primeiro grande problema caótico existencial na vida de muitas pessoas/crianças/adolescentes/jovens adultos é a de terminar o terceiro ano do ensino médio e prestar um vesibular. Mas pra quê curso? Não vou aqui me estender em questões sobre a (falha) educação brasileira (e o total não-apoio acadêmico por parte da escola a seja lá qual carreira o indivíduo queira seguir e então tem que decidir por si só sem muita base e, muitas vezes, não consegue escolher ou acha que conseguiu decidir, faz 2 anos e vê que não era aquilo ou ainda, pros raríssimos sortudos, já sabem o que querem e seguem em frente). Mas fato é que esta é a primeira das muitas decisões que as pessoas - nem todas - têm de tomar.
E então, quando você tem a meta de passar no vestibular, você passa e entra pra vida acadêmica. Pode morar fora, ou não, pode trabalhar, ou não, pode ter boas notas, ou não, pode saber qual área quer seguir, ou não, pode querer/precisar de independência financeira, ou não, pode ser feliz e comprovar que era isso mesmo que queria desde os tempos de colégio, ou não, pode ter uma gravidez indesejada depois de uma das festas da facul onde ficou bem louco e só foi lembrar quem engravidou 9 meses depois, ou não.
Enfim, são diversas questões que poderiam ser apontadas aqui, mas onde eu quero chegar é: em meio a tantas opções e perguntas e respostas cobradas pelo mundo à sua volta, o jovem adulto precisa lidar com todas elas como se tivesse a experiência de um adulto - mas ele não tem. Guimarães Rosa disse certa vez que viver é muito perigoso. E é mesmo. De uma perspectiva (no meio de milhares delas), viver é obter respostas pras perguntas que o mundo te faz.
"Mundo - Então, você passou na faculdade. E o que fará depois dela? Onde vai morar? Quando vai começar a ganhar dinheiro? E aquela menina pra quem você olha, você quer namorar ela? Mas como vocês farão depois da Academia? Você quer continuar nessa cidade, quer voltar pros seus pais, quer ir a outro lugar? Se sim, onde? E qual área você quer se meter? Você conseguirá manter uma família com isso? E se você..."
E assim vai.
Eu não darei resposta pro que fazer com a Jovem Adultice das pessoas. Nem eu sei. Eu também estou afogado em meio a elas. Muitas vezes as respostas estão mais perto da gente e nem percebemos. Outras vezes elas estão tão longe de serem alcançadas que continuamos a insistir em querê-las AGORA. Não é assim. É a gente que não sabe como lidar. O jeito é descobrir.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Decisões, decisões...
É um eterno caminhar da esquerda para a direita, de cima para baixo e viram-se páginas, passam experiências, a memória falha, mas ainda sim, essencialmente ninguém se conhece ou mesmo entende suas próprias razões ou aquilo que busca. Pode se refletir horas sobre essa condição, mas ainda sim apenas chega a lugar nenhum, Ainda que se caminhem anos, acho que é impossível se alcançar uma fração de algum lugar. E às vezes a gente só se lembra, pois está é a arma do silêncio, a lembrança e a sensação de que a maioria das coisas apenas passa e você também passa e um dia deixa de existir, e depois deixa de ser memória e por ultimo nem sequer uma vaga lembrança. Terra a terra, pó ao pó para aqueles que são medíocres e se encerram no silêncio de suas dúvidas idiotas.
Gostaria muito de poder concluir o que escrevo, mas não me sinto seguro quanto a isto, não tenho nenhuma averiguação fatídica a ser feita, apenas estas conjecturas vãs de livros de auto-ajuda. Nunca me senti grandioso, nunca aspirei isso, mas às vezes eu me canso de me sentir pequeno e ínfimo, de não conseguir fazer planos e me sentir "parado" já a um bom tempo. Preciso de respostas as quais não sei onde encontrar. Preciso de mais tempo que não sei onde encontrar. Preciso de mais equilíbrio e maturidade que já não brotam mais de mim. Preciso de descanso, intenso, frio, sonho, fim...