terça-feira, 23 de agosto de 2011

Numa noite de insônia qualquer...

No silêncio de uma noite gélida de inverno, ouço o vento soprando violento, ouço o eco dos gemidos do meu espectro me condenando, o arrastar de suas pesadas correntes pelo chão do limbo em meu pensar. Em silêncio não consigo expurgar tais sentimentos e se olhos fecho sinto o tormento ensurdecedor maculando minha alma com angustia antes que as pílulas possam fazer qualquer efeito. As palavras engasgadas nada significam, posto que ninguém pode ouvi-las, mas no arranhar do lápis no papel eu procuro nessa noite lúgubre gritar baixo para dar um pouco de paz aos meus pensamentos. Numa noite profundamente escura e interminável, eu tento não me manter sóbrio, porque a sanidade aqui enlouquece, nesse mundo de desespero em que é sempre madrugada, a única voz que se escuta são as correntes de ar em tons mortiços e no silêncio quem jamais se cala são as brutas frustrações a dilacerar meu âmago. Talvez eu só possa me manter comigo quanto tudo isso terminar e eu possa vagar livre de mim e de qualquer identidade, por um vasto jardim numa manhã ensolarada, mas a escuridão parece não terminar jamais...