sexta-feira, 20 de junho de 2014

Sete anos e ainda não sei direito o que dizer sobre tudo, nem o que dizer sobre você quando pergunto ao nada, sete anos e sinto um aperto talvez ainda maior do que naquele tempo em que fiquei tão desamparado, já que agora parece tudo tão incerto, sete anos e tenho medo de começar a esquecer sobre quem você era, ou das coisas que um dia você disse. Sete anos, longos anos e a saudade começa a puxar os pés enquanto lembranças evanescentes confundem na penumbra das poentes memórias. Pergunto o que você diria, ainda que saiba que provavelmente não concordasse com qualquer conselho que desse, gostaria da segurança das suas mãos pra guiar ao invés das marcas dos seus passos minguantes. Queria ter julgado você menos, queria ter conhecido você mais. Queria ter sido o filho que você esperava, e ainda tento, buscando na própria forma o que era/o que sou agora sem (tanto) medo, talvez da mesma forma que você fazia... Tínhamos tantas diferenças e volta e outra sinto tão pouco diferente de você, quem sabe porque sinta que de certa forma, ainda que um pouco involuntária, assumi seu lugar e que, no final das contas, sua influencia é muito maior do que conseguia imaginar. Nós dois fomos tocados pela morte, de uma forma muito singular, quiçá até rara, nunca havia pensado em como isso foi importante enquanto formou ambos, curiosamente hoje sinto o único herdeiro do seu legado, e pelas razões mais estranhas sinto o nosso laço mais profundo do que qualquer outro. Eu realmente gostaria de saber o que você me diria agora, mesmo não havendo qualquer coisa que pudesse ser dita.