sábado, 1 de fevereiro de 2020

Tem dias que o suicídio bate a porta, sorri cortês, nos convida à conversa e nos fala do lado de lá, do sossego, do alívio, do mundo no lugar de novo. Tem dias que o suicídio flerta conosco e nós com ele, nesse jogo de gato e rato curioso. "Só estou um pouco cansado" repito o mantra a mim mesmo na esperança de consolar meu desalento, mas a bem da verdade já não tenho mais forças ou vejo lá muitos motivos pra seguir remando, posso ficar por aqui, seria confortável, um ótimo lugar para um ponto final.

Tem dias que a morte parece uma boa saída, que dói demais existir, ficar pensando nessas coisas o tempo inteiro, me sentir desajustado, quebrado, e eu não consigo fazer mais nada. Já não aguento mais sofrer com isso, eu só queria poder dormir um pouco mais, eu queria não ter esse medo estúpido, mas ele está aqui, me bate a porta e me trucida quando eu menos espero.

Consigo entender porque as pessoas usam drogas, para fugir desses pensamentos, para se sentirem bem, para esquecer das aflições, os demônios, mas eu tenho a impressão de que eles me seguiriam e seria ainda pior. O que fizeram comigo? O que eu deixei que fizessem? Estou tão cansado de sempre me fazer as mesmas perguntas e as respostas nunca serem suficientes. Preciso ser paciente? Tenho que esperar mais? Quanto mais? Talvez não valha a pena, talvez não haja luz no fim do túnel, talvez não exista qualquer luz afinal.