segunda-feira, 23 de maio de 2011

De vez em quando, à noite, enquanto me entorpeço, a inspiração me visita e eu a obedeço, apenas escrevo desvairadamente, sem eira nem beira, somente escrevo. Escrevo porque meu coração grita, escrevo porque meu ego lamenta, escrevo porque me sinto ínfimo, como o mais baixo dos homens, como fossem minhas habilidades inferiores as medíocres. Escrevo porque me sinto ninguém, e sinto falta daqueles que comigo ninguém se sentiam ou porque mais visão me faz ver o quão distantes realmente estavam aqueles que se achavam comigo.

Não sei se é imanente à humanidade essa sede amarga de sentir-se miserável, mesmo abastado e saciado pelos melhores vinhos. Eu gostaria de fazer esse sentimento passar, esse grito cessar, mas a vida teima em fazer com que eu me sinta misero. E misero, eu caminho como um embriagado em um beiral de um arranha-céu infindo, e a cada passo sente-se cada vez mais amedrontado, cada vez mais sozinho. E de repente eu me apercebo como meus poemas adotam cada vez mais o traço de cartas de suicídio.

Escrevi linhas vazias, vazias como este poeta, vazias como o sentido da minha vida vazia, vazias como a minha mente esta agora, vazias como a minha alma sempre foi, dotada desse vácuo que me consumiu a cada dia. Alimentei-o com carinho, de generosidade, filantropia, compaixão e de sonhos, ilusões. Ah sim, a vida fora bela, mas por essa hora eu só consigo pensar em findar todos esses sentimentos, só consigo pensar que não existem mais saídas e eu não penso mais e não sinto mais e não digo mais nada... boa noite.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Delirio

Não poderia escrever sóbrio a respeito do prazer da minha insobriedade, minha mente me pega todas as peças e eu sonho acordado, vivo morto nesse limbo entre o céu e a terra onde não se pode distinguir os sonhos da realidade e de repente a razão deixou de fazer sentido, a ilusão faz-se muito mais real na mente e no espirito do poeta embriagado. Todas essas voltas fazem pouco sentido, ah, mas se aqueles que jamais se embrigaram pudessem vê-las, veria a beleza transcedental de seusefeitos

Os enamorados decaptam rosas para entregar as suas amadas suas cabeças decepadas, os enamorados entregam a suas amadas morte em si, vicissitudes humana, que desde sempre oferece a morte a quem ama e disso sequer se apercebe. A volupia clama a insanidade e está por sua vez reconcilia mortiçamente uma vida hedônica de rotinas. Do limbo enxergo o espirito lamurioso das rosas, compreendo sua dor e juntos nos rimos, pois a própria dor é real e portanto uma ilusão. O elixir filosofal há de me libertar da limitações da carne e me dar asas para alçar ao infinito.

Cortemos a nossa carne , sangremos nossos medos, para nos lembrarmos que essas dores e esses transes são os unicos momentos distantes da nossa fria condição humana. Corto-me cá, corto-me lá, arranco um olho e ainda sou o mesmo, mas agora enxergo além, enxergo o que realmente está vivo, que apodreceu com o tempo, se desfez de seus ossos e jaz apenas em memória. Com o instrumento argento perfuro o coração, provo o sabor do sangue, a vida esvair-se por entre meus labios por gotas, sinto o mundo e segundos depois, mais nada...

terça-feira, 10 de maio de 2011

Arquivo


Olhar pra trás é
aprender ou
cair sem querer
desfalecer
temer e se desobedecer.

Ler o passado é
ver o que já não se é
perder o impulso de querer tornar-se
e enrolar-se no ser que não é.

Ah...
De cair-se
é uma estrela que cai
decadência é uma dor que não sára

Ah...
Evolução é um futuro tão distante!
E o presente uma roda constante
que sobe, desce, sobe e...
Cai.

E a queda tira tanto dessa velocidade...

que as vezes me pergunto se não é melhor deletar o que está para trás.

- Pena que são fatos 24h, à caneta, com tinta permanente e aparição eterna.

Em suma, o belo
o estraordinário
o criativo e o inteligente que foi
é mais uma âncora no atolado barco
que caminha, caminha, caminha sobre a areia
e parece só se afastar do destino final.



Fui procurar o Boom da história e achei textos antigos que eu fazia. E trabalhos pra escola. Puta que pariu, eu já fui mais inteligente. É esse o resumo dessa droga que escrevi aí.


Não, não foi um bom dia. Abs.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Dia Estupidamente Bonito

Hoje o dia está estupidamente bonito, pensou ao acordar.

Chegou tarde,
Viu-a no almoço.

Estava bonita.

Almoçaram.
Curtiram uma digestão.

Ela disse não estar afim de beijar.

Tudo bem.

Ela vai embora mais cedo
Se arrepende
Volta
Beija

Interrompo.

Disse que quem era esquisito era eu
Com um beijo no rosto se despede dizendo:
Meu ônibus chegou.
Subiu sem olhar pra trás.

E foi embora.

Foi um dia estupidamente bonito.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

sobre-viver

Difere viver e sobreviver.

O primeiro é fácil,
O segundo exige humanidade,
Contato,
Relação,
Esforço;
Sobre-humano.

Sobre-vive, Sobre-humano.

No primeiro,
Respira.
Come.
Tenta te manter são.

No segundo,
Te esforça pra respirar (direito),
Arranja comida (suficiente),
Lê um livro (decente).

No primeiro, faz.
No segundo, faz:
Direito,
Maior,
Melhor.

Um cão de família vive
Um mendigo de rua sobrevive
Um amante ora vive, ora sobrevive.

Eu?

Eu tento.

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

SEMANA DOS POEMAS DEPRESSIVOS.

Tipo "Cyanide and Happiness".

Daria pra ficar maior, até pensei em estender. Mas quem gosta de merd é a Sabesp.

Flores


cada amor é um olhar,
um entregar-se e um passar.
- jamais pesar!

Eu, passo, me viro
e mesmo assim -
vezes em que não viso ver
vejo que deveria ter sentido.

Sinto que se sente o insensível
sem sentir-se a extra sensibilidade

e vejo que o presente é a torção do passado
esmagação, trituração, cozimento, assado
e serviço à própria mesa
para a alimentação do desgoso desnecessário.

Amor é flor!
é torpor, é alegria
é abstração da passada sangria.

Viver é olhar à frente
observar o passado
carregá-lo, sem pesos e sem cordas que o amarrem aos nossos pés

amar é flor!
é desabrochar, perfumar,
quebrar-se e manter a beleza
cair ao solo e florescer novamente.

E a dor?
A dor a gente canta, dança
aprende!
passa por cima e avança.



-x-x-


e se ao teu jardim minhas flores forem insuficientes
planto ervas cheirosas,
gramas vistosas
que de tão bela paisagem
deixarás o passado terminar sua passagem.