terça-feira, 21 de setembro de 2010

Companhias

Peguei a tristeza
agarrei, abracei, beijei
segurei com tanta força para que pudéssemos ser uma só.

Calmamente, deixei-a ir. Sem demoras, sem choros pelo choro. Apenas dei-lhe um beijo na testa e guardei sua imagem na telinha da memória.

Achei que a tinha visto desaparecer no horizonte, mas não.
Deixou um vestígio. Uma pequena cicatriz nas lentes que fazem meus olhos, para que eu veja tudo diferente.

E as pegadas de todo o caminho que ela percorreu para ir embora estão bem demarcadas.
Preciso apenas pegar o caminho da volta, de outro lado, para transformá-lo em apenas ida.


Dei no amor o abraço mais apertado
o beijo mais quente e o afago mais atrevido.
Quando ele se foi é que me agarrei à tristeza.
Hoje, ando de mãos dadas com a expectativa e a novidade, uma de cada lado.
E espero encontrar ainda companhias que me tirem do chão
afaguem meu rosto
e apaguem as pegadas dessa teimosa tristeza.

2 comentários:

  1. Tudo tem seu tempo poeta torta, as coisas seguem seu curso natural, os sentimentos não podem simplesmente transmutar, mas a gente vive dia após dia e as coisas se atenuam, as tristezas passam e a vida volta a ser vida...

    Gostei bastante do clima otimista, ainda que falasse de tristeza, fala dela de cabeça erguida. Apreciei demais todas as metáforas e personificações, bem sensivel, meigo e bonito, sua marca mesmo Má =)

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  2. quem me dera ser parte dessa foto lirica ate hoje...

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