sábado, 13 de junho de 2009

Adágio Solitudo

Pareceu incomum desde o principio, como em meio a uma tormenta infinda eu encontrei no seu desprezo gentil uma paz tão imensa, algo raro que outros sorrisos, perfumes ou sabores não foram capazes de despertar. Mesmo que me sinta ínfimo não consigo afastar-me do teor sereno que tem o seu sorriso, é impossível culpá-la por qualquer vilania diante daquele olhar, daí provavelmente deve-se a minha indignidade, da minha tolice incurável, do meu romance enjoadiço...

São essas noites solitárias que fustigam, fazendo-me sentir falta da sua feição por completo, no compasso lento das horas me agarro a memórias e contatos que já nem mais existem, sinto saudade do tênue afago que nunca tive das suas mãos macias. Tu ao menos pensas em mim? Será que em alguma ocasião inoportuna te lembras dos nossos momentos inócuos que me são sempre tão preciosos? Já não existem mais razões para ater-me a possibilidades, padeço platônico, sem maiores esperanças...

Ainda sim qualquer antologia romântica faz com que eu sonhe acordado, neles apenas vivencio o desejo de tê-la ao alcance de um abraço, pois o que posso fazer é ludibriar-me em ilusões perfeitas, dado que a realidade pérfida me trairia com um abraço solitário, como é a busca infrutífera das minhas mãos pelas suas ou dos olhares desviados. Por que mesmo diante disso tudo sem querer me pego repetindo seu nome? Minha aptidão para amar se esvai e ainda sim só almejo estar do seu lado, dessa forma patética e obsessiva, e quando menos percebia, perdia-me de mim e passava a ser somente dela...



Mais uma criação para falar do que eu sinto por ela, é eu sou craque em amor platônico acho, devo ter vocação pra amar quem não me ama. Engraçado que mesmo depois de tudo, quando penso em alguém é sempre nela, quando sinto necessidade de companhia é sempre a dela e de mais ninguém, o que será que existe nesses afagos raros que viciam e me entorpecem os sentidos? Inclusive me desviei de velhos sonhos pra seguí-la... No final das contas eu sou apenas um tolo romântico, talvez seja nisso que eu eo Gabriel nos diferenciamos, apesar de termos fins parecidos, os meios são muito diferentes, e as formas também... Já conversamos sobre isso, acho que encerro assim, me perguntando o que me faz pensar nela e não nas outras? Posto que se fosse carência, seria apaixonado por qualquer uma que tentasse me cativar, mas não é assim que funciona...

2 comentários:

  1. Comentário entre o almoço e o banho:

    Uau! Amei DEMAIS esse! Muito, muito, muito, muito! Lindo, expressivo e claro!

    Porque o amor é essa flor roxa, né? E concordo com as diferenças entre você e o gab... É a vida, algumas paixões são incuráveis, ou só se curam depois de o tempo ter passado a mão em nossas cabeças diversas noites seguidas...

    Ou, se quiser, pode-se dizer que uma paixão só se cura completamente com outra. Completamente.

    Curar razoavelmente também pode ser bom.

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  2. Curar razoavelmente depende muito do caso. Se for algo apenas superficial, de boa. Se não for, só uma outra pra curar DE VEZ. Caso não haja, o tempo ajuda, mas demora um bom tanto.

    Sobre o texto, sim, de fato, ficou muito bonito. E você não usou palavras difíceis =P Fala justamente desse personagem dostoiévsko que não sae porque cargas d'água ele ainda insiste em partir pra cima da guria. É tenso ._. E o pior de tudo é que não tem mesmo explicação. Simplesmente acontece. Quando você menos vê, tá preso. E pra se soltar poooooode ser bem complicado =/ Mas tudo bem, falou de platonismo é com nóis mesmo ;D Falando nisso, fiquem mais uma vez com aquele pensamento pertinente: "Pra curar um amor platônico, nada melhor que uma trepada homérica" #baixaria

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